Liberdade de expressão: Até onde podemos ir?
Como proteger a democracia em tempos de polarização e desinformação digital? Descubra o papel nas diversas áreas de estudo, nesse debate que define o futuro da internet.
Oi pessoal! 👋
Nessa news de hoje, vou desapegar um pouco das escritas de rotina e me jogar em um lado mais… filosófico e reflexivo, sabe? É impossível ignorar como o mundo digital tá mexendo nos alicerces da gente. Vamos combinar: fake news, desinformação, e o caos nas redes sociais já não são só problemas virtuais, mas ameaças reais à democracia. Bora conversar sobre??

O mundo atual está cada vez mais digital, onde as opiniões podem percorrer o globo em segundos. Mas, quando uma opinião cruza a linha e se transforma em desinformação? Estamos vivendo na era das fake news, um período em que as consequências para a democracia são palpáveis. A recente decisão da Meta de encerrar seu sistema de checagem de fatos é um exemplo gritante de como gigantes da tecnologia podem influenciar o curso do debate público.
Imagine uma praça pública onde todos têm voz, mas sem ninguém para organizar ou confirmar a veracidade do que é dito. É nesse espaço caótico que as redes sociais se transformaram quando regras básicas de controle são removidas. Especialistas temem que a desinformação se espalhe ainda mais rápido, deixando as pessoas vulneráveis a manipulações.
Por que isso importa? Como a filósofa Marilena Chaui nos lembra, o pensamento crítico é essencial para questionar o que nos é apresentado. A liberdade de expressão, embora fundamental, precisa de contrapesos para que não seja usada como arma para distorcer a verdade e enfraquecer as bases democráticas.
Fake News e Democracia
A democracia depende de um debate público informado. Discursos baseados em informações falsas não apenas distorcem a realidade, mas também criam divisões profundas na sociedade. Como o jornalista Pedro Dória colocou: "Se a verdade não é mais prioridade, o que sobra é desinformação e raiva".
Aqui no Brasil essa discussão é ainda mais intensa, especialmente com o julgamento em curso no STF sobre a responsabilidade das plataformas digitais na gestão de conteúdo falso. Esse é um momento crítico: as decisões tomadas agora moldarão a forma como interagimos online por décadas.
O Diálogo Necessário
A liberdade de expressão é, sem dúvida, um dos pilares da democracia, mas não pode existir em um vácuo. Sua complexidade exige um diálogo interdisciplinar que envolva filosofia e sociologia, explorando tanto o dever ético quanto as dinâmicas coletivas da sociedade.
A Perspectiva Filosófica
A ética, desde Aristóteles até Kant, sempre destacou que liberdade sem responsabilidade é uma forma de caos. Immanuel Kant, em sua obra sobre moralidade, nos lembra que nossas ações, incluindo as palavras que escolhemos compartilhar, devem respeitar o princípio universal do imperativo categórico: agir como se a máxima de nossas ações pudesse se tornar lei universal. Ou seja, ao disseminar informações, precisamos refletir: “Se todos fizessem o mesmo, o mundo seria mais justo ou mais caótico?”
Hegel nos apresenta uma visão dialética. Para ele, a liberdade individual só encontra significado quando considerada em relação ao coletivo. Não basta dizer o que queremos; é essencial compreender como nossas palavras impactam o tecido social. A amplificação de vozes pela internet cria uma nova dimensão para a dialética hegeliana: como equilibrar a afirmação da subjetividade individual com a necessidade de preservar o bem comum?
Mais contemporaneamente, filósofos como Jürgen Habermas destacam o papel do espaço público como arena de debate racional. Ele alerta que, para esse espaço funcionar, é preciso honestidade discursiva e uma busca genuína pela verdade. A desinformação rompe esse equilíbrio ao transformar o discurso em ferramenta de manipulação.
O Olhar Sociológico
Émile Durkheim nos ensina que uma sociedade só se mantém unida por valores compartilhados e uma coesão simbólica. Quando a desinformação entra em cena, esses valores são minados, criando divisões profundas que comprometem o contrato social. Temos umm exemplo como a polarização política exacerbada por fake news, que fragmenta a confiança entre cidadãos e instituições.
Max Weber acrescenta outra camada importante: a burocratização e racionalização da sociedade. Ele sugere que o avanço das tecnologias trouxe um paradoxo: enquanto essas ferramentas prometem maior acesso à verdade, elas também criam bolhas informativas, onde indivíduos só consomem conteúdos que confirmam suas crenças preexistentes. Ou seja, pelo que entendi, a verdade perde sua centralidade, e as opiniões se transformam em armas.
A Era Digital
A internet e as redes sociais adicionaram novos desafios às ideias clássicas de liberdade e responsabilidade. O poder das plataformas digitais, como discutido no recente caso da Meta, ultrapassa as fronteiras do que pensadores clássicos poderiam imaginar. Essas big techs funcionam como mediadores invisíveis que moldam o que vemos, amplificam determinados discursos e silenciam outros, muitas vezes motivadas por interesses econômicos.
Autores como Bruno Latour, oferece insights valiosos. As redes sociais não são apenas ferramentas neutras; elas reconfiguram a forma como a verdade é percebida, priorizando o engajamento ao invés da precisão. O sociólogo Zygmunt Bauman adiciona a ideia de "modernidade líquida", na qual a fluidez da informação cria incertezas e inseguranças permanentes.
Tem equilíbrio no caos?
O diálogo entre filosofia e sociologia aponta para uma solução: o fortalecimento da educação crítica e a regulamentação ética das tecnologias. Precisamos preparar as pessoas para identificar e questionar informações, ao mesmo tempo em que exigimos transparência e responsabilidade das plataformas digitais.
Se Kant fosse transportado para a era digital, talvez ele dissesse que a verdadeira liberdade de expressão só pode florescer quando acompanhada da coragem de buscar a verdade e do compromisso de proteger a dignidade humana. Já Durkheim provavelmente nos alertaria que, sem esforços conjuntos para reconstruir os valores compartilhados, estamos arriscando o colapso da coesão social. Entendeu?
A questão final não é apenas o que podemos dizer, mas o que devemos dizer. A liberdade de expressão, como a entendemos, precisa ser um convite para a verdade, não um campo aberto para a manipulação.
Como Navegar Nesse Cenário?
Para nós, enquanto leitores, escritores e consumidores de informação, o desafio é grande. Assim penso eu, que, devemos questionar, refletir e buscar a verdade em meio ao caos. Acredito que discutir temas como este é maravilhoso convite para o pensamento crítico e à ação responsável. E cada um de nós é um agente transformador nesse cenário.
Vamos debater? Comente e compartilhe sua opinião.
Bibliografia Citada
Bauman, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
Carroll, Ryder. O Método Bullet Journal. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.
Chaui, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2013.
Durkheim, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
Habermas, Jürgen. Mudança Estrutural da Esfera Pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
Harwood, Jeremy. Filosofia: Um Guia Com as Ideias de 100 Grandes Pensadores. São Paulo: Planeta, 2013.
Kant, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Martin Claret, 2009.
Latour, Bruno. Jamais Fomos Modernos. São Paulo: Editora 34, 1994.
Weber, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
G1. Meta encerra checagem de fatos: desinformação vai aumentar e deixar usuários ainda mais vulneráveis, dizem especialistas. Publicado em 7 de janeiro de 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/01/07/meta-dona-do-instagram-e-do-facebook-anuncia-fim-do-sistema-de-checagem-de-fatos-nos-eua.ghtml.
Obrigada por poder dizer o ponto da vista. É que a democracia não tem nada que ver com a liberdade de expressão. É um instrumento das élites (ou grupinhos de poder) que usam para seguir dominar as camadas da sociedade. Floid Hunter em seu livro “Community Power Structure” (1953) !!! fez a perfeita pesquisa ☕️
Oi Glória, tudo bem? Respondi uma nota sua.